Durval Barbosa, ex-secretário no governo do DF, não chegou a morar na casa do Lago Sul, avaliada em R$ 4,3 milhões
A casa está nova em folha. Situada ao lado do local onde Barbosa morou com a família até 2009, foi construída com verba desviada de contratos da área de informática celebrados pelo governo do DF na gestão de José Roberto Arruda (ex-DEM, hoje sem partido), cabeça do esquema.
Barbosa nunca chegou a se mudar para a mansão, atualmente avaliada em R$ 4,3 milhões.
Por meio do benefício da delação premiada, o dono da casa, que foi secretário de Relações Institucionais do DF, revelou o esquema de corrupção que resultou na prisão de Arruda no ano passado.
A operação da Polícia Federal que desvendou o mensalão do DEM foi deflagrada em novembro de 2009 e ganhou o nome de Caixa de Pandora.
A mansão fica na região mais nobre da capital federal, na QL 10 do bairro Lago Sul. No primeiro andar, há uma área de lazer com churrasqueira, piscina e vestiários, uma sala de estar, cozinha, duas despensas, um escritório, além de uma ampla parte dedicada à acomodação de empregados. São dois quartos de serviço com banheiro e um quarto de motorista, com espaço para guardar material de jardinagem.
No segundo andar, Durval construiu sala de home theater, lavabo, dois quartos e duas suítes, sendo uma com banheira de hidromassagem e closet. A área total construída soma 862,58 metros quadrados.
Como o imóvel está fechado há cerca de dois anos, já são percebidos sinais da ação do tempo. O teto da varanda, por exemplo, está descascando, e o portão de ferro apresenta ferrugem nas laterais. O jardim também está descuidado. Quem arrematar a mansão também terá de fazer uma adaptação, porque não há cozinha.
O lance mínimo, de R$ 2,5 milhões, é inferior às cotações do mercado. Há casas vizinhas com metragem semelhante avaliadas em R$ 7 milhões. Outras chegam a R$ 11 milhões.
O sequestro do imóvel pelo Poder Judiciário faz parte do acordo de delação premiada firmado entre Barbosa e a Polícia Federal e foi autorizado pelo juiz Márcio Evangelista Ferreira da Silva, da 5ª Vara Criminal de Brasília. O político não tem mais direitos sobre a casa - o que, na prática, faz dela um bem público.
O leilão ocorrerá por volta das 14h30 de quinta-feira na sede do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios).
O mensalão
No dia 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora, que investigou um suposto esquema de arrecadação e pagamento de propina comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda e que envolvia políticos aliados - entre eles deputados distritais. O ex-governador nega envolvimento no caso.
O esquema seria uma espécie de “pedágio” que Arruda cobrava de empresas interessadas em conseguir contratos com sua gestão. O dinheiro arrecadado, segundo o inquérito da PF, era dividido entre ele, o vice-governador, Paulo Octávio, secretários e assessores.
O escândalo ficou conhecido como mensalão do DEM em alusão ao mensalão do governo federal, denunciado em 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Este esquema consistiria no pagamento de “mesadas” por parte do Executivo a parlamentares em troca de apoio político.
Atualmente, Durval Barbosa está incluído no programa de proteção a testemunhas e quase não é visto em Brasília. Ele só aparece quando é chamado a prestar depoimentos sobre o caso.
Da Redação com iParaiba
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